O Culto de mão dada com a Religião pode-se caracterizar da seguinte forma: u
m conjunto de crenças relacionadas com aquilo que parte da humanidade considera como; sobrenatural, divino, sagrado e transcendental.Desde as religiões seculares até às novas e evangélicas, poderemos incluir os líderes políticos. Através dos seus seguidores pode-se determinar que as mesmas zonas cerebrais são activadas.
No campo psicológico temos o
suspend the disbelief e o
auto-convencimento. Na parte pessoal o carisma e a suposta capacidade de apresentação como modelo que trilha o caminho.
As incongruências são diminuídas ao limite e as virtudes extrapoladas até à insanidade.
Em Portugal actual, vive-se um desses cultos, o apelidado pelos seus boys e adoradores, o Chefe. Já não se discute política, mas sim, o lado emocional de um chefe. Mesmo perante todas as evidências de fraude académica e profissional, os seguidores buscam energias para tapar o
Sol com a peneira.
Na área psico-somática estaremos mais perto da religião do que na política. Sendo que as duas confundem-se e suas fronteiras serem muito ténues.
Se um desses
chefes cair, outros vinte se perfilham.
Estes cultos sempre ocorreram, ocorrem e ocorrerão.
Estes líderes espirituais servem para isso mesmo. Absorver toda a tensão, todos os esbracejos de injustiça, as indignações e tudo o que por aí advier.
Chamemos de
super-capitalismo, de
super-estrutura aqueles que de facto vão orientando os destinos do planeta, pelo simples facto, de terem o poder de criar o dinheiro e de o largarem a quem siga as suas linhas orientadoras.
Em finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, grandes industriais norte-americanos se referiam a este poder sufocante. Capitalistas e industriais de então subjugados a uma super-estrutura que tentavam definir.
Do que se conhece, sabe-se que utilizam o crédito financeiro supra-nacional para controlar empresas e nações.
A confidências conhecidas por estes senhores, e numa síntese muita redutora, uma das suas filosofias - "
Dêem-lhes as ideias de direita e esquerda para se morderem uns aos outros".
O conceito de direita e esquerda, que vem da Revolução Francesa e dependeu de uns sentarem-se de um lado e outros do outro. Os jacobinos e os girondinos. Daí até cá o conceito complexizou-se de sobremaneira.
Tal como numa época em que a religião detinha grande vigor, apareceram os primeiros indivíduos, numa tentativa, de organizar novas ideias, novas relações sociais, principalmente, fruto de grandes fluxos de tesouraria, e de todas as relações filhas de novos tempos que se viviam, tanto económico, social e religioso. Consequentemente, um fenómeno novo que resultava, as grandes cidades industriais.
Dessa toda nova panóplia de novas relações que borbulhavam aparecem nomes como Emile Durkheim, Karl Marx, Ernst Troeltsch, Max Weber, Peter Berger. Até certo ponto e nesta altura pode-se dizer que socializaram a religião.
Em suma, atirar os ovos ao líder local de momento, pode ter a sua graça, mas, no concreto não muda nada.
Repare o brutal ataque especulativo de 14 e 15 de Janeiro deste ano contra Espanha e Portugal. Fez disparar o spread das obrigações do tesouro espanhol e português. Na realidade esta é uma das notícias mais substanciais para os dois países apesar de passarem a uma ilharga muito extensa de notícias acerca do jet-set e jogadores de futebol. O pior cego é aquele que não vê.
Os bancos nacionais, logo a seguir, posicionaram as suas políticas de crédito no curto-médio prazo. A diferença reside na contratação ou não de mais pessoal, no investimento adiado, no adiamento do pagamento ao fornecedor e no final na sobrevivência do negócio. E isto faz toda a diferença.
A realidade é esta, o poder dos governos locais dos países mediterrânicos é apenas circunstancial. A Grécia, a Itália, Portugal e Espanha definham a olhos vistos.
Os denominados PIGS pelos jovenzinhos que fazem cálculos em folhas de Excel e atribuem notações de risco de crédito. P-portugal, I-itália, G-greece, S-spain.
Aparece a Alemanha, a segurar a Grécia o primeiro local a entrar no descalabro. Sem esquecer, que neste mundo ninguém dá nada a ninguém. E que se à volta da Alemanha não houver quem lhe compre os produtos lá produzidos, de nada serve o valor que eles oferecem.
Mas a somar à complexidade da globalização, junte-se a entrada de duas mega-economias, a Índia e a China, que têm regimes semi-democráticos e fecham os olhos às condições de trabalho. Pelas suas imensas populações e gigantesca oferta de mão-de-obra nas suas unidades produtivas não iremos encontrar filtros de ar, horários de trabalho calendarizados, condições sanitárias humanas, mas sim, trabalho de sol-a-sol, camaratas diminutas e partilhadas entre adultos e crianças, trabalho desumano, indústrias tóxicas sem qualquer regulação. Dessa produção gigantesca e após os acordos da OMC, asfixia muitas outras que não conseguem concorrer aos mesmos preços.
Poderá-se dizer que o mundo é injusto e para todas as partes.
Quanto ao caso português, apesar da pouca margem de manobra, não significa o mesmo, a desresponsabilização da actuação. Pois por o povo ser ignorante, fruto de políticas educacionais, propositadamente para o manter assim, amorfo. A elitezinha tuga não deixa de estar isenta de responsabilidades.
A primeira, o contínuo esticar do diferencial entre os mais ricos e os mais pobres. O que seria intolerável socialmente nos países do norte da europa, aqui promove-se o aciganamento da populaça.
Vergonhas anti-éticas, são o mote, aliás , o regabofe. Que começou nos governos de meados dos anos 80 até agora.
Caso sintomático, um pujé membro de uma juventude de um partido político é nomeado para uma grande empresa portuguesa de influência pública. Auferindo 2.500.000 Euros por ano, que após descoberta a careca demite-se, e ainda leva com uma indemnização capaz de elevar os conceitos da pornografia vigentes.
Qual é o seu culto? Ou está livre de pensamento?
O que poderemos entender por liberdade de expressão, seja em Washington ou em Havana?
E a liberdade de imprensa?