sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

La piovra versão tuga


Inicialmente uma investigação com o nome de código "Face Oculta" que visava um tenebroso caso de corrupção e tráfico de influências, onde o negócio das sucatas entre empresas públicas e concessões concedidas foram decididas com base em envelopes por baixo da mesa, envelopes diga-se cheios de dinheiro, critério o qual, a base de muitas decisões.
Dessa investigação e das escutas daí consequentes, por força dos intervenientes e de forma lateral ao caso sob investigação, surge outro caso ainda mais escabroso, autêntico território minado, o controlo dos media. Já se sabia, que a comunicação social em Portugal era controlada por meia-dúzia de grupos económicos com uma longa asa de actuação em várias actividades.

Em todo o mundo e sempre foi assim, o poder de momento tenta da forma que lhe é possível a influência sobre a comunicação social em proveito próprio.
Eram intervenientes homens-de-mão do primeiro-ministro José Sócrates; Armando Vara, Paulo Penedos e Rui Pedro Soares.
Colocados em pontos chave de actuação, actuaram enebriados com a vertigem do poder e da impunidade que o nosso País permite, mesmo dizer, a impunidade total e à vontade.
Armando Vara, braço financeiro, primeiro colocado no banco estatal e depois no maior banco privado português, é dessa forma e por sua esforçada influência, canalizador de grandes financiamentos.
Paulo Penedos, ainda com o cartão jovem na mão e muita ambição de protagonismo.
Rui Pedro Soares que carrega um currículo de "trabalho" invejável na Juventude Socialista, é o sorteado para administrador da PT e logo com o pelouro da Golden-Share.
Com este trio maravilha ninguém precisa de inimigos. A sua desmesurada ambição é ao mesmo tempo o seu calcanhar de Aquiles.
Obviamente que estes intervenientes são meros operadores de mercado.
Neste complexo jogo de ganhar dinheiro e de favores projectados para o futuro, entra toda uma entourage de predadores e necrófagos .
Nuno de Vasconcelos da Ongoing - Strategy Investments, de facto muito strategy.
Joaquim de Oliveira da Controlinvest, muito control.
E outros na sombra, por trás de fundos e sub-fundos com sedes nas ilhas Caimão ou Mann, nas Bahamas também.

O semanário Sol levantou a ponta do véu, no caso português. Alvo de uma providência cautelar pelo administrador da PT Rui Pedro Soares, que estupidamente ainda mais publicidade veio dar ao caso de conspiração da liberdade de imprensa, no qual está metido até às orelhas.
O Sol não teve mãos a medir. Tal a procura! Será que é desta que os portugueses acordam!

No País em que a liberdade de expressão está sob debate intenso, próprio de uma democracia no seu estado infantil, onde se questiona o que se pode dizer e o que não se pode dizer.
Onde qualquer um pode dizer o que quiser, especular e/ou opinar, independentemente do seu currículo académico, político e profissional.
Embebido desse espírito, tenho para mim, que a providência cautelar, não foi oriunda da cabeça do referido administrador da PT.
Será que o referido fique com a totalidade do salário auferido na PT?
Será que parte (grande parte) dos €2.500.000 anuais sejam para compor orçamentos de associações semi-secretas, para fins diversos ?
Ele e outros gestores públicos nomeados pelo governo?
Empresas as quais deveriam servir interesses estratégicos nacionais. Por outras palavras, deveriam servir a população, mas que, agora servem accionistas.

Não é o artigo relacionado com as escutas do semanário Sol que está truncado, mas sim, as leis é que estão truncadas.
No plano jurídico, o presidente do STJ, escapa-se na tangente, dentro de sua zona de conforto, diz que cumpriu a lei vigente, e de facto cumpriu.
Fica muito mal nesta história, o PGR, Pinto Monteiro. Nesta e noutras. Da fama de amiguinho, não se livra. Da fama de bloquear assuntos do PM, não se livra.
Aliás se as escutas são ilegais, porque não actuou o Ministério Público?
E o caso Freeport?

E logo agora, que holofotes internacionais, focam este canto à beira-mar plantado. Não por caridade, mas sim, para ganhar dinheiro, à custa da nossa desgraça. A desgraça faz ganhar dinheiro.
Este canto desgovernado, à mercê dos loucos, que supostamente o deveriam organizar...



Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!

3 comentários:

Diogo disse...

Estes países «falhados» (Grécia, Espanha e Portugal) são apenas uma desculpa para o contribuinte europeu pagar mais umas taxas à banca.

Pata Negra disse...

Há uma coisa que me intriga na capa do Sol: vão fazer disto um DVD para crianças?!
Um abraço de face lavada

casadegentedoida disse...

Isto que se passa já é uma história antiga, já vem de muito tempo atrás. Antes eram outros os intervenientes, mas o fim continua a ser o mesmo. Se a memória não me falha, não começou com a morte do Sá Carneiro? A partir daí foi sempre a abrir (leia-se: usurpar), era ver quem mais metia a mão. Isto só vem a baila porque o PS não deixou o PSD ser governo. O acordo foi quebrado pois eles revezavam-se no poder de 8 em 8 anos. Agora para amenizar as coisas vão colocar um gajo do PSD no Banco de Portugal e depois outro no Banco do Estado. Vocês vão ver que quando o PSD estiver no poder isto desaparece tudo.
Cabala? tramóia? Vingança? è como diz o ditado: Zangam-se as comadres e sabem-se as verdades.
é vira o disco e toca o mesmo.
Abraços.