domingo, 23 de novembro de 2008

GNR

Hoje cirandei por Lisboa. Ao domingo é uma cidade Linda.
Andei na cidade minha, onde nasci, na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, numa maternidade que já não existe.
Como cidade grande, passeia nela uma fauna humana diversa. No seu coração, estive no Rossio, na Praça da Figueira, na Praça do Chile. As putequinhas na praça da figueira lá estavam com seus corpinhos gastos e de uma escola que este ministério da educação não entende. A pretalhada sentada em cima dos muros do metro, vinda por um qualquer construtor, que dorme nas pensões imperiais em beliches apertados e baratos. Aparece sempre uns Rastas para compor o cenário. Mais o homem vermelho à beira do AVC a gritar - quatro pilhas 1 euro. As vendedeiras de castanhas. Comprei um maço de tabaco no quiosque em frente ao Nicola onde ocorria um debate político entre o vendedor e um senhor vestuto. Ainda pensei meter-me, mas, deixei-os a questionar a filosofia de vida.
O homem-elefante não estava lá. Deve fazer folga ao fim-de-semana.
O cheiro, os homeless, a bicha da sopa dos pobres na Almirante Reis, os turistas. Lisboa.
Se pertencer a algum sítio, é Lisboa. Nasci aqui. Logo é a minha cidade.
Visitei a casa de um familiar na enseada que quase toca o castelo de S. Jorge. As ruelas apertadas com cheiro a mijo e no virar da esquina um puro mouraria a berrar com a mulher. Sempre numa linguagem do tipo mourisca - Levas uma chapada no focinho...
Almocei que nem um frade no Chiado, ou, numa linguagem mais católica, que nem uma besta.
Desemboquei no Largo do Carmo, afastei-me da minha companhia, e como sensitivo fiquei ali a sentir as energias plasmadas e intensas do local. Acreditem que até ouvi Francisco Sousa Tavares e Salgueiro Maia em voz exteriorizada por megafone. A multidão. Abrindo os olhos lá estava o soldadinho de chumbo com sua espada de meio-metro a guardar qualquer coisa.
Descendo a calçada descobri uma livraria daquelas antigas, em que o dono não tem base de dados organizada (nem sabe o que isso é), e para, descobrirmos um livro temos que vasculhar com paciência de Jó. Com um pormenor de somenos importância, é uma livraria que cheira a livros.
Descendo chego novamente ao Rossio. Lisboa tem zonas mágicas. Só para quem nasceu lá.
À noite cresce a magia malandra de uma Lisbon by night. Tantas memórias.
Lembro-me uma vez com o meu antigo Rover num tiro só da Graça (numa casa de sexo ao vivo e com empregadas em fato-de-banho) até Alcântara, os semáforos apresentavam todos uma tonalidade verde-tinto. As experiências que lá vivi, as cabriolices... Foram tantas que nem conto aqui.
Lisboa para quem a viveu e a sentiu na plenitude não precisa de procurar muito mais.
Os encantos e as suas verguenzas.

Voltando ao quartel do Carmo, actualmente Comando-Geral da GNR, trago em coerência dois vídeos dos GNR.
Havia muitos outros como; efectivamente, dunas, homem mau, popless, morte ao sol, sangue oculto, mas ficam com estes dois e já é uma grande sorte.



10 comentários:

Anónimo disse...

Zorze,...cheira bem, cheira a Lisboa,...até aqui me cheira, também é a minha terra. Abraço!

Ana Camarra disse...

Zorze

Eu não nasci em Lisboa, nasci no Barreiro, no entanto também adoro Lisboa e certas faces de Lisboa.
Não tenho a mesma visão que tu, não tenho as mesmas recordações, nunca frequentei nenhuma casa de sexo ao vivo, aliás nunca entrei em nenhuma.
Mas tenho outras memórias de Lisboa, saídas, o Hot Clube, a noite do Bairro Alto, os Concertos, outras coisas.
Tenho saudades do Cais da Colunas.
Tenho saudades de ir ás 5 da manhã para a Feira da Ladra vender tralhas para arranjar dinheiro para ir aos concertos.
Tenho saudades de ir ao Cacau da Ribeira de madrugada.
Os vídeos dos GNR estão muito bem, não são as minhas músicas favoritas deles, mas está muito bem.

Beijos

Anónimo disse...

Zorze
Eu digo num poema que, Lisboa é minha segunda mãe, formei-me aos 11 anos, com a 4ª classe e lá fui eu para Lisboa,e lá fiquei até aos60 anos.
Eu costumo dizer que o melhor presunto de Chaves está em Lisboa, o melhor queijo da Serra está em Lisboa o melhor vinho alentejano está em Lisba.Lisboa não merece este DESgoverno.
Abraço Companheiro

Pata Negra disse...

Eh pá, que bom relato. Quando damos liberdade às palavras para exprimirmos aquilo que sentimos o resultado é sempre um bom texto. Ficou-me alguma melancolia, senti que Lisboa ainda é tua mas que tu já não és de Lisboa.
Um abraço com Lisboa sempre de lado

Anónimo disse...

ESTA LISBOA QUE EU AMO! Ah, que agora deste-me uma nostalgia do caraças! É que eu também fui parido em Lisboa, mais precisamente na casa do povo, ou seja na Maternidade Alfredo da Costa. Revivi-me nalguns bons momentos que descreveste. Muitos mais haveria!

Saudações da velha Graça (Malhoa ou Pimm's?). Malandro...

Diogo disse...

Caro Zorze, que grande malandreco que você me saiu. Detesto Lisboa de dia. As idas à noite vão sendo cada vez menos.

samuel disse...

Lisboa fica sempre mais apetecível, contada por quem a conhece...

duarte disse...

belo paseio amigo.
há muito ,que não vagueio por lisboa...por isso obrigado por trazer essa tua visão da cidade.
e já agora,dá um saltinho ao teatro taborda talvez ainda lá ande a minha voz perdida...
obrigado pela visita.
duartenovale

Susana Garcia Ferreira disse...

Descreves muito bem a cidade,e foi um grande passeio o teu.
Eu também nasci em Lisboa,mas no hospital particular de Lisboa,mas não gosto muito de Lisboa é muita confusão,enfim vou lá quando tem que ser,também ´so fui mesmo nascer lá.

Mariazinha disse...

A minha linda cidade que amo de verdade!

Tanto de dia como de noite, Lisboa é unica. Linda, linda tanto de verão como de inverno!
Fizeste-me lembrar dos by nights, as noites longas, o Jamaica, o arroz doce com a famosa tia Alice...
Enfim a minha juventude!

beijokas