quinta-feira, 28 de junho de 2012

O caso da multinacional checa - Bata


Há poucas semanas  atrás a multinacional checa Bata que se dedica à comercialização de calçado, anunciou que se vai retirar de Portugal.
A companhia fundada por Tomas Bata em 1894 na cidade checa Zlin na antiga Checoslováquia, atravessou o séc. XX e mantém-se no séx. XXI em todo o seu fulgor. Hoje é uma multinacional presente em cerca de 70 países com mais de 5.000 lojas e aproximadamente 30.000 trabalhadores.

Nos dias de hoje, em que assistimos diariamente a encerramentos de fábricas, empresas e lojas, consequência directa de insolvências, falências, deslocalizações e algumas vezes de forma fraudulenta sob uma capa de legalidade, num sistema judicial fraco para os fortes e forte para os fracos, sistema judicial português esse, cada vez mais desigual no acesso e cada vez menos justo na aplicação da lei.

Não sendo um caso diferente do dia-a-dia económico/industrial português, infelizmente, é no comunicado da casa-mãe desta multinacional, que fica espelhado em poucas linhas a realidade económica portuguesa, totalmente contrária à linha comunicativa do governo português, que vive uma mistura de ficção teórica comunicativa e realidade social aplicada resumida em gráficos Excel.
Assim, ao contrário da filosofia de comunicação do governo português - que diz uma coisa e pratica outra - que enche os seus comunicados até à exaustão os cliques bordão, tais como; é o único caminho, crescimento económico, medidas contra o desemprego, o caminho certo, recuperar a confiança, as medidas necessárias e por fim, atrair investimento estrangeiro, vem a realidade objectiva de uma empresa estrangeira a operar na economia portuguesa que já tinha puxado a corda da exploração até aos limites, note-se que para os empresários em geral o lucro é sempre pouco, as lojas da Bata funcionavam actualmente com um trabalhador por turno, o que leva a questionar para é que existe uma entidade que dá pelo nome de Autoridade para as Condições de Trabalho - ACT ?
Diz a Bata constatando a realidade - " o clima económico no país, tornou-se extremamente difícil, deteriorando a confiança dos consumidores bem como o seu poder de compra, o que tornou impraticável a continuação da Bata em Portugal, como vinha acontecendo até aqui ". 

E é nesta pescadinha de rabo na boca que o governo português fica surpreendido quando afere que a receita fiscal diminui e o défice publica aumenta.
Reduzindo o rendimento das famílias, as empresas vendem menos e a indústria produz menos. É a espiral recessiva negativa que o actual governo colocou o país, aliás, fruto de um elenco na economia e nas finanças, brilhantes académicos e teóricos, mas muito fraquinhos na capacidade de visão da realidade de um país em contexto global.

sábado, 16 de junho de 2012

Não bate a bota com a perdigota


Perdigota é uma perdiz nova que se utiliza na expressão - não bate a bota com a perdigota - apoiando-se na rima ( em ota ). Significa que qualquer coisa não bate com outra.

Vem isto a propósito, relativamente às figuras governativas que se sentam nas cadeiras do semi-poder, dos seus semi-estados um pouco por toda a europa, os seus discursos são completamente contrários às suas práticas. Sempre foi assim pode-se dizer, mas na actualidade estão a atingir-se patamares próximos da loucura.

Parecem robôs com um cardápio de frases feitas a serem utilizadas conforme os ventos sopram. Por vezes mentem, noutras são meras inocuidades e às vezes meras profissões de fé. Tudo isto repetido vezes sem conta nas tiras de jornais e nos títulos dos noticiários televisivos, adormecendo os povos que os elegem.
O que dizem num dia, pode significar exactamente o contrário alguns dias depois.
Há poucas semanas atrás o primeiro-ministro espanhol afirmava categoricamente que o país não precisava de mais dinheiro, uma semana depois estava a acordar um empréstimo de 100 mil milhões exclusivos para a banca e ao que parece não chega, além das dúvidas da capacidade de reembolsar o referido empréstimo.
O primeiro-ministro português executou na prática exactamente o inverso do que discursou antes de o ser.
São pequenos exemplos da realidade actual.

Governam para os credores e para os compradores dos seus sectores estratégicos numa espécie de metamorfose de governantes para liquidatários nacionais. Vendem na pressa e na pressão, abaixo do valor de mercado, empresas; do sector energético, dos transportes, gestão de aeroportos, dos seguros, da banca, das comunicações, companhias aéreas, das águas, da saúde e da educação. Se não se vende, dificulta-se ou fecham-se certas áreas públicas para dar espaço ao privado.
Enquanto as economias nacionais definham sem se vislumbrar luz ao fundo do túnel, vão ao mesmo tempo, atirando os termos-bordão: crescimento económico, tomar medidas, fazer as coisas certas, sustentabilidade, credibilidade, tranquilidade, crescimento sustentável... O cardápio de inocuidades é enorme.

A realidade, infelizmente, é que o discurso não bate com a prática.

Até quando você aguenta ser saco de pancada ?


Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!

sábado, 9 de junho de 2012

Carta do Centro de Emprego

(clica na figura)

Esta é a carta padrão que a Segurança Social envia aos desempregados que perfazem os 6 meses de desemprego.
Nesta carta, seu conteúdo em pouco menos de 10% resume o fim a que se destina, ou seja, a reavaliação da situação do desempregado, os restantes 90% são utilizados a assustar o desempregado nas variadas formas em que pode perder o seu meio de subsistência, com termos usados, tais como; a falta de comparência não justificada; a anulação da inscrição de centro de emprego determina...; todavia conforme a situação do incumprimento apurada, o quadro sancionatório poderá ser ainda... Por aí adiante.

Bem sabemos, que estes ofícios têm que obedecer a uma série de normativos legais, mas daí ao exagero ...!
Roça em alguns aspectos aquelas técnicas de guerra psicológica das unidades das psiques militares para aterrorizar o inimigo. O que leva a questionar se a Segurança Social considera o desempregado, um inimigo !?

Todos sabemos, que existem inúmeras fraudes relativamente aos apoios do Estado, mas também sabemos, que muita gente descontou durante muitos anos para ter direito a este apoio, muita gente deseja trabalhar e ao contrário do que alguns responsáveis políticos julgam, estar desempregado neste país não é uma oportunidade de mudar de vida, pois este país não é a terra das oportunidades como pensam, derivado dos modelos económicos que estudaram. Convenhamos que o Canadá e os E.U.A. não são propriamente, mesmo que dizer, Portugal. Embora que tenhamos infelizmente alguns responsáveis governativos que acham que os mesmos modelos possam ser aplicados, não tendo a noção que falamos de realidades e sistemas organizativos completamente diferentes.

Quanto aos técnicos da Segurança Social, não vamos acreditar que na sua globalidade serão pessoas desumanas e insensíveis, por isso, as percentagens na figura acima estão rabiscadas a lápis, para que possam ser apagadas e serem invertidas as respectivas proporções.
E se há pessoas humanas a trabalhar nesse ministério - concerteza as haverá - ponham a mão na consciência e reformulem esta carta-tipo enviada a pessoas desempregadas há mais de 6 meses. Já basta o drama de estar desempregado há mais de 6 meses com a agravante de não se vislumbrar um futuro melhor num país estragado e extorquido pelos responsáveis políticos das últimas décadas.