terça-feira, 7 de junho de 2011

O dia seguinte...

No fim-de-semana passado ocorreram eleições legislativas em Portugal, nas quais foram nomeados os representantes do povo para a Assembleia da República.
Numa primeira nota, a triste abstenção, quase metade dos eleitores portugueses não votaram, reflectindo a ladaínha do costume, de que a população está cada vez mais longe dos políticos. Até parece que parte dos portugueses tenham de ser convencidos a participar no acto eleitoral, quanta ignorância!

Dos resultados, constata-se que o país virou à direita, com tudo o que isso vai acarretar no futuro da vida dos portugueses, mesmo dos que se queixam, dos que preferiram ir a praias super-lotadas banhando-se nas águas quentes cheias de mijo derivadas da própria lotação ou dos que se enfiaram em grandes centros comercias super-abafados onde respiram o ar enfadonho de uns e outros.

Quanto aos resultados eleitorais, fruto daqueles que votaram e que plasmaram a sua voz nas urnas, fica evidente o descrédito ao ainda actual primeiro-ministro, a derrota do seu partido, foi clara. Dessa forma beneficiando o partido vencedor, consequência do voto útil.
No que toca à esquerda política portuguesa, apenas a CDU, saiu vencedora, crescendo mais e ganhando mais um deputado.
O BE a derrota foi estrondosa, sem rumo, o élan do movimento ou de partido contestatário parece que se está a esfumar no tempo.
O PS levou uma enorme varridela, à qual já se fazia tarde.

Mas em boa verdade, pouco muda com estas eleições, independentemente de quem fosse eleito, pois já havia um programa a cumprir, ou seja, elegeu-se quem vai seguir um programa que já estava determinado pelas instâncias internacionais que estão a emprestar dinheiro com juros, desengane-se quem pense que é ajuda.
O povo na sua enorme sapiência escolheu PSD/CDS para intermediário dos verdadeiros decisores.

Agora está tudo a postos para o saque final!
Vão-se vender os últimos aneis do Estado para os dementes privados que só vêm o lucro, as mais-valias e a rentabilização.
O que era de todos, vai passar a ser de alguns.
No PS vão aparecer, na sua ala direita os que irão dar os dois terços para "mexer" na constituição para dar o empurrão para a desgraça moral e ética.

Com tudo isto, pois a economia está interligada com variadíssimos factores, até psicológicos, não se vislumbra a luz ao fundo do túnel, esta é a verdadeira gravidade da situação portuguesa.
Com os actuais e futuros programas de austeridade, o pequeno e médio empresariado português que vive do consumo interno vai cada vez mais passar por dificuldades, por consequência da redução da massa salarial e da aludida desanvalacagem da economia por parte da banca lusa, que anda muito perto da falência.
Relativamente ao investimento externo existente, os futuros ministros, andarão quase de joelhos a pedir, por favor não se vão embora. De fora, praticamente não haverá mais apostas no território nacional, advindo do risco cada vez maior de não conseguir pagar as suas responsabilidades.
Desta forma, com a paulatina retracção da economia, toda a gente sabe, com o crescente endividamento português, agora em tranches da troika, que daqui a uns meses, no máximo daqui a um ano, vamos estar a pedir a renegociação da dívida, na melhor das hipóteses.



Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!

1 comentário:

Diogo disse...

Não concordo contigo, Zorze. Embora eu tenha votado (no BE) defendo que umas eleições onde um cidadão se limita a colocar uma cruz nu papel é, à partida, uma enorme farsa.

Abraço