terça-feira, 11 de agosto de 2009

Somos observados


Kaadar Lacu, experiente observador do nosso planeta e membro da comissão de acompanhamento de planetas onde se dá os primeiros laivos de inteligência. Da galáxia Hydra A e mais concretamente do planeta Tero, onde a civilização já tem milhões e milhões de anos de evolução, acompanha com compaixão e respeito a evolução de outras civilizações, seus processos e tomadas de decisão. Sempre na compreensão de que a vida arranja sempre forma de se adaptar e por daí sobreviver. Esta é a magia do tempo.
Já cansado e com vários séculos no acompanhamento do planeta Terra, decide o modo de passar a pasta ao seu sucessor e aprendiz Tabamantia. Vê agora a oportunidade de se dedicar a outras tarefas.
Longe da linguagem formal dos relatórios que elaborava, ficam aqui alguns diálogos com o seu sucessor, o qual já tinha estudado a geografia, a biologia e a história da espécie dominante - o ser humano. Mas Kaadar Lacu insistiu que Tabamantia teria que ver primeiro "in loco" a questão da natureza humana, se a podemos chamar assim.

Kaadar Lacu, passa a primeira regra - Não interfiras com eles, respeita o seu processo evolutivo, por muito que te custe, deixa-os errar. É a melhor forma de aprenderem. Se interferires, existe o sério risco de te endeusarem, angelificarem. Além desta bicharada serem tenros manipuláveis, alguns são exímios manipuladores. Depois fazem livros, escrituras sagradas e constroem monumentos gigantescos. Já assim foi várias vezes, em incoerência do que proclamam, usam mão-de-obra escrava.
Tabamantia fica apreensivo. Kaadar Lacu continua sua passagem de testemunho, advertindo.
- Cuidado quando abordares temáticas tais como, ideologias políticas e religião, aí eles viram bichos, parecem uns corsas, pulam desenfreados, chega quase a ser impossível de os controlar.
Deixa-os a convencerem-se uns aos outros. A discussão é importante para eles.
Por outro lado a sua gestão é a quase completa desorganização. Complicam o fácil, escolhem preferencialmente o caminho mais difícil na tentativa de alcance de objectivos grupais. Como são burros que nem uma porta, do lógico e simples, fazem labirintos para se perderem.
Percebem que não se podem confiar uns aos outros, por isso, institucionalizaram a falta de confiança. Inventaram códigos normativos, para se auto-disciplinar. Só que ao mesmo tempo que elaboram normas, elaboram formas de as contornar. Também serve de argumento para justificar meios, mesmo que injustos, desde que a norma indique a legalidade.
Criticam as normas, que eles próprios fazem, mas não podem viver sem elas. Sem normativos ficam perdidos.
Amizade e Amor, são muito complicados a trabalhar com estes conceitos. Num contexto de uma das línguas nativas, o português, vês que ainda não passaram da letra A. Não te incomodes a vê-los esbarrem com o focinho nas paredes. Não raspam, esbarram.
Deixo-te uma fava, Tabamantia, a pérola do povinho português. Com a minha experiência ainda não os consegui compreender.
Tabamantia fica apreensivo com o desafio, sabendo de ante-mão que Kaadar Lacu é um gozão nato.
Kaadar Lacu continua - Por exemplo, para veres, o ser humano. Agora vivem uma moda de uma constipação. Os Estados que podem, compram um medicamento, o Tamiflu. Que é considerado por quem vende, uma suposta cura a uma suposta doença. Compram aos milhões. Depois de uma meia-dúzia de reais doentes, ficarão com stocks imensos de referido medicamento. Quando passar o prazo de validade enviam para África sob a capa de ajuda humanitária. Nunca te esqueças, que esta bicharada é capaz de tudo.
Ligando os temas, Kaadar Lacu, explica a Tabamantia - Eles adoram dinheiro. Vivem do dinheiro, vivem para o dinheiro e vivem pelo o dinheiro.
Por um sistema de troca de bens que inventaram e evoluíram, são capazes de tudo, de tudo.
Do dinheiro e quantidade possuída estratificam-se, assumem status e poder, estabelecem diferenciações sociais.
No que toca a Amor e Sexo e consequentes relações, misturam tudo e confusos vão-se relacionando.
Violentam-se, agridem-se e traumatizam-se. Perdem o farol do respeito.
Tabamantia questiona - Mas, existe alguma coisa de positivo nessa espécie?
Kaadar Lacu, responde e continuando - Há, já criaram conceitos muito interessantes no que concerne a solidariedade e ética.
Por exemplo, existem mães que deitam os filhos no caixote do lixo e existam outras com muito mais dificuldades que fazem das tripas coração para os ajudar a crescer. No que tudo isso importa.
Existem pessoas assassinas, e existem pessoas que dão a vida por outras.
Existem pessoas que fazem feridas e outros que as lambem.
Existem pessoas que manipulam grupos e outras que desmontam os subterfúgios.
É uma espécie dúbia, capaz do melhor e do pior.
Nas artes esgatanham a transcendência.
Os desmesuradamente ricos (alguns) e sem experiências novas, desenvolvem patologias insanas após o dinheiro já ter pago tudo o que poderia comprar, por sua capacidade de oferta desenvolvem mercados que muitos procuram vender, desde sistemas de carne abundante de orfanatos que os pobres entregam ou deixam-lhes tirar, a prostitutas pagas para espancar ou deixarem-se ser humilhadas para inflacionar egos enormes de pessoas pequenos e em situações piores casos como um cineasta Elli Roth à poucos anos filmou um filme polémico - Hostel.
Entre eles e uns e outros vigarizam-se até não poder mais. E dentro do espaço familiar elevam ao quadrado os enganos.
Misturam tudo com aquele ar inocente de que tudo sabem. Põem lá tudo, dinheiro, sexo, amor, amizade, angústia, solidariedade e por aí fora. Vivem deprimidos e eufóricos ao mesmo tempo. No mesmo dia passam do 8 ou 80 com simples clics. Trabalham muito mal as emoções. E depois queixam-se que farta.
Procuram nas religiões, espiritualidades sentidas inconscientemente, mas muito mal resolvidas.
Acham-se muito inteligentes. Mas choram que se farta.
A cor da pele é um assunto muito complexo para estas cabecinhas pensadoras. Na sua infantil ingenuidade discutem o aparente problema como quem solta um peidito maroto.
Lidam mal a morte. Mas todos os dias arrebentam e estouram-se entre eles.
Para respeitar seus processos evolutivos é preciso firmeza, aliás no nosso planeta também já passamos por isso.
Ainda confundem serenidade com imobilismo. Porque nos seus parcos perímetros diâmetros cranianos, competente é esbracejar, é mexer-se muito. Gastam quase todas as energias ao desbarato, às questões laterais.
Com calma e serenidade, sabendo fazer as coisas certas, irão mais longe.
Tabamantia - Pronto, já percebi, que a função que me destinaram é castigo. O que anima, é que estes animais que vou observar, pelo que senti e percepcionei, estão à beira de mais uma mudança. E tremenda, por isso, para mim esse ponto será muito interessante observar.
Se eles entendessem o conceito de serenidade...



Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!

3 comentários:

mugabe disse...

Sabes uma coisa Zorze ? Gostei !!!!

Abraço!

Diogo disse...

Estás a descrever uma sociedade desorganizada quando, afinal, é uma sociedade dominada e organizada por meia dúzia de chulos.

Quanto ao amor e sexo não há nada que chegue a uma dinamarquesa!
.

casadegentedoida disse...

Zorze, penso a minha maneira que sempre somos observados, fomos criados por alguém e esse alguém, como numa experiência, deixa correr a coisa para ver como é que fica. É como nos ficheiros secretos, com o Mulder e a Scully, alguma coisa há, alguém é, quem nós não sabemos. Somos duma maneira muito subtil levados em determinado caminho.
Vamos ver onde vamos parar.
Abraços.