Cada um tira o que pode à sua medida. Do mais baixo até ao mais alto.
Em Portugal, a mentalidade corruptiva criou raízes muito profundas, difíceis de amputar tal mal.
Porquê mal?Em Portugal, a mentalidade corruptiva criou raízes muito profundas, difíceis de amputar tal mal.
Porque quando se tira, ou doutras formas, se rouba, os mais penalizados são indubitavelmente as zonas mais frágeis da sociedade que pagam mais. Como por exemplo; os idosos abandonados, os imigrantes, os doentes, os "reais" desempregados e os que de uma forma geral a Vida lhes pregou uma rasteira traiçoeira.
São as baixas médicas fraudulentas, os subsídios de rendimento mínimo para quem não precisa ou por exemplo, os subsídios de desemprego do comerciante que contrata um familiar e que o despede para sem vergonha nenhuma ficar a receber a contrapartida do Estado. O Estado que somos todos nós.
O tal que não tem recursos ilimitados e que é tremendamente mal gerido por governantes ambiciosos, permite estas fugas, ou melhor, injustiças, penalizando quem realmente precisa em detrimento dos chico-espertos, dos profissionais dos esquemas.
Não se deve fazer, mas, pode-se.
Subindo de patamar do espólio, a delapidação com o mesmo valor anti-ético ganha contornos criminosos, por via, da quantidade surripiada do saco que todos nós contribuímos através do nosso trabalho.
São as autarquias na frenética construção licenciada, autorizada por quem já recebeu malas em dinheiro vivo. Criando cidades disformes abrindo espaço a emaranhados sociológicos propícios ao desenraizamento social e propiciadores ao crime urbano e suburbano.
São situações escandalosas, que com o tempo o povo anestesiado acaba por achar normal, em que um governo concessiona a uma empresa sem concurso, o fabrico de milhares e milhares de "potentes" computadores para uso escolar com a benemérita ajuda de um gestor de marketing que é ao mesmo tempo primeiro-ministro de um País.
É um labiríntico sistema legislativo, que embrenha os profissionais do sector em burocracias infinitas.
Porque será, que as leis que favorecem grandes negócios, grandes empresários, nunca têm erros e têm uma aplicabilidade de uma eficácia meridiana?
Ficando os erros, as lacunas e a falta de legislação complementar, para outras que não têm verdadeira intenção, ou, mesmo a de complicar e baralhar.
Erros selectivos?
Do qual os advogados dos arguidos da Casa Pia têm usado e abusado, para manter o processo numa espécie de limbo temporal.
Acrescente-se os arautos da finança que com engenharias incríveis enriqueceram à custa, sabe-se hoje, através da mais pura vigarice. São dois exemplos claros disso o BPP e BPN.
Quando o BPN comprava dinheiro (juros que paga aos clientes) a 8% e vendia esse mesmo dinheiro (empréstimos a clientes) a 4%/5%, alguma coisa deveria estar a não bater certo. Não é preciso ser perito em matemática. Mas ao que parece ninguém viu. Quem assinou as contas também não se lembra.
A lista é infindavel, principalmente, pelo que ainda está por descobrir e pelo que nunca se vai descobrir. A legislação é a chave para mudar e o sistema judicial para o aplicar.
Só que quem legisla está dentro do circuito e é actor directa e indirectamente das situações acima descritas e tem a capacidade de manietar sub-repticíamente o sistema judicial.
Logo temos um problema.
O vídeo em baixo contém música de Ennio Morricone - Chi Mai, fazia parte da banda sonora da série italiana "La Piovra", série televisiva dos anos 80 de grande sucesso. A ficção que é realidade, de formas diferentes mas real. Teve a capacidade de mostrar o terrível cancro social que é a corrupção. Desde o mais baixo até ao mais alto. É tudo uma questão de "dinaro, molto dinaro".
Publicado em simultâneo no Blog Cheira-me a Revolução!