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quarta-feira, 4 de maio de 2011

O logro


O logro em que todos nós vivemos actualmente, é justamente, a primeira grande falácia do gigantesco logro em que estamos inseridos, o nós.
Fala-se muito dos gregos, dos irlandeses, dos portugueses, se os finlandeses vão emprestar a sua quota parte ou não e por aí adiante. O que na verdade acontece, é que vivemos, nunca como antes, em sociedades individualistas em progressão. Onde cada um no meio onde está inserido tenta ganhar vantagem da forma que pode e causando o impacto que a sua posição permite.
Ou seja, o desempregado irlandês não tem necessariamente os mesmos interesses e objectivos que o banqueiro irlandês. Como o grego que vislumbra o despedimento a breve trecho do emprego que tinha como garantido até à sua idade de reforma em oposição aos grandes construtores civis que beneficiaram com a realização dos Jogos Olímpicos em Atenas.
Tal como em Portugal, uma das sociedades mais desiguais, no que toca à distribuição do rendimento. Onde, hoje idosos mais do que sobrevivem com pensões à volta dos 200 euros e famílias inteiras com pouco mais de 600 e 700 euros, em contraposição, com gestores públicos a auferirem às centenas de milhar de euros, por via de gerências incompetentes e por vezes fraudolentas, com a vantagem de não terem de responder pelo uso dos recursos postos à sua disposição, fruto da colecta dos contribuintes. E isto ocorre nos denominados países ocidentais que seguiam a fé do sistema que está a capitular aos pedaços e que é uma meridiana certeza matemática, o eterno crescimento, a eterna valorização dos bens imóveis.

Em Outubro/Novembro de 2008 com a falência do 4 maior banco norte-americano o Lehman Brothers, são disparados todos os sinais de pânico, principalmente do foro psicológico, mas com o receio escondido, de que se as pessoas e as empresas não conseguirem pagar as suas amortizações, o sistema colapsa. Dos particulares e da economia privada, num instante, o receio passou-se a focar nos países que se julgavam soberanos. Estes também podem não conseguir pagar e daí, podem arrastar os sistemas financeiros locais para o buraco.
E nestas pseudo-democracias, assistimos impávidos a dirigentes políticos que governam, unicamente para a sua reeleição, governos de vistas curtas e com soluções simples, enquanto possível, com mais dívida.
Hoje, após o paradigma da dívida ter mudado, continuam meio atarantados, repetindo ladaínhas do politicamente correcto, falando uma espécie de marketing político padronizado, tal como se falassem para atrasados mentais.

A verdade, é que hoje, não existe dinheiro físico para cobrir toda a dívida em circulação, que é negociada selvaticamente nas grandes praças de mercados.
Se o dinheiro vier coberto de sangue, do vício das drogas, à custa das doenças crónicas, do tráfico de carne humana orientada para a prostituição ou dos enormes lucros vindos da exploração de unidades industriais onde as pessoas são apenas ferramentas... não interessa. O dinheiro não tem cor, nacionalidade, pena e sentimentos de ética ou moral.
O objectivo é ganhar mais, o segundo objectivo é ganhar mais ainda.
Enquanto putos na Índia ou no Bangladesh morrem de pneumonia ou de caganeira do outro lado do mundo um assalariado à rasca com o cartão de crédito, compra a Barbie de plástico para calar a birra da filha. Tudo está interligado, na economia. O rendimento criado derivado do trabalho do puto indiano e do assalariado francês, belga ou espanhol, sem se aperceber vai uma boa percentagem para o não-emocional negociante de dinheiro virtual de Wall Street. Estes intervenientes nunca se chegarão a ver, mas estão interligados entre si, o sistema, num processo, numa transacção passou por todos eles, variou foi a quota-parte de cada um.

Este é o sistema desumano em que vivem os humanos.



Publicado em simultâneo no Cheira-me a Revolução!

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