E se nós voassemos?
Sentir o ar a bater na cara, num voo picado, sobre um lago
Atormentando as aves que por lá relaxavam
Com um olho nas crias e outro nos predadores
Mas que bom seria! Estaríamos num instante, num lado qualquer
Voando...
Enquanto as nossas vidas voam e a dos outros
enquanto voamos em carambolas nos casulos
na Matrix das cabeçadas na parede, repetidas vezes sem conta
onde cada um, constrói o seu muro das lamentações
Afinal,
E ao contrário do que tudo parecia
Em boa verdade, temos a capacidade de voar
Na mente, que nos mente
Trapaça e macaca
Afinal,
Já podíamos voar...
Vida após vida
é muito difícil
a libertação das coleiras de pensamento
Cada um molda a sua faca
que mutila a sua própria asa
Somos mais do que livres
Somos nós, cada um em si
Com mais estrelas do que o céu
Somos soberbos
Como somos terríveis, para nós próprios e para a demasia
Somos também, o que somos hoje
O presente
Talvez envenenado ou antídoto,
A cor da pele, confunde-nos
A condição social, confunde-nos
Amanhã morrerão, milhares de crianças de fome
quando uma buchazita, faria toda a diferença
Ao mesmo tempo que se enchem caixotes do lixo, porque não me apetece
O mundo perfeito é a sua contradição baseado no conflito
Na savana, no mato e na lama
Os predadores não têm lancheiras térmicas,
Nem arcas frigoríficas para acondicionar bocados de cadáveres
Caçar todos os dias é um imperativo de sobrevivência
Por isso as presas, correm mais rápido, saltam mais alto
Quando amanhece, comemoram o nascer do dia,
com saltos, com sons
É como começar do zero...
Tal como muita gente o faz em certas alturas da vida,
Como se fosse o único, não há único, somos biliões
Biliões de únicos
Os há, como exemplos a seguir
Mas se quero voar livre, não posso seguir exemplos
A criatura exemplo teve a sua experiência,
Cada um de nós é livre de ter a sua, imagine-se...
A liberdade de falhar...
De voar, sem sentido...
Com o sentido de não ter que corresponder a ninguém, excepto...
À minha vontade, de ser e de estar bem, desamarrado das grilhetas que nos condicionam a partir do momento em que nascemos.
Não sendo egoísta, mas daí, conhecer-se a si e a partir desse ponto abrir-se ao mundo a que lhe foi destinado nascer.
E mesmo assim, tentamos voar com coisas, que cada um carrega...
Beautiful World - In Existence
Antes de voar, saltar, antes de saltar andar e antes de andar gatinhar... Em termos conscienciais, a raça humana ainda está na fase do gatinhanço, oralmente nos balbuceios próprios dum refém nascido rodeado de imbecis... Voar é bom, meu amigo, mas só será tudo o que descreves se tiver sido conquistado a pulso - pergunta a qualquer pardal que já tenha nascido em berço de oiro e ele explica-te... :)
ResponderEliminarGrande Zorze, grande poeta. Emocionou-me...
ResponderEliminar"Cada um molda a sua faca
que mutila a sua própria asa
Andas mesmo iluminado... E só podemos escolher entre o medo catabólico e a gratidão anabólica ao amor incondicional. A verdadeira maravilhosa revolução é intrapessoal e intransferível.
Sou grato.
Eu já nem queria tanto, ter asas para voar! Eu já só queira ter um bico para não ter dores de dentes!
ResponderEliminarUm abraço cá de cima