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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A dívida

Ontem a dívida portuguesa foi leiloada nos mercados financeiros. Para os investidores internacionais um excelente negócio, que à sombra de uma quasi-falência de um estado soberano irão obter nos próximos anos soberbos rendimentos, já que foi subscrita em mais de 75% por compradores estrangeiros. Arrecadou-se 1.242 milhões de euros, dos quais cerca de 600 milhões a dez anos e juro de 6,8%, o restante a 6 anos com uma taxa à volta de 6,15%, e isto mexe com tudo e todos, melhor, mais para uns do que para outros.
Necessidade fruto de políticos que executaram políticas que ao longo das últimas décadas nos deixaram naquele lugar em que sempre estivemos, a cauda. Apesar de as suas vidas financeiras, também sempre, terem corrido pelo melhor.
Políticos que na pratica são os representantes e funcionários de meia-dúzia de famílias, as quais por sua vez representam interesses de grandes grupos trans-nacionais, sem nacionalidade mas com muito dinheiro que em teoria é obtido de forma legal um pouco por todo o mundo, mas que na pratica é dinheiro retirado das economias, das pessoas através de engenharias financeiras muito complexas.

A soberania portuguesa desde os anos 90, foi vendendo as suas empresas mais lucrativas. As quais, seus capitais, hoje estarem maioritariamente em mãos estrangeiras. Ou seja, os lucros que obtém, via monopólios ou cartéis nos sectores de actividade económica em que operavam em Portugal, são literalmente transferidos para o exterior.
Boas decisões de gestão, como se pode aferir!
Que rica ajuda dariam à feitura dos orçamentos de estado! Já que os seus utentes, hoje clientes, é que pagam os seus serviços e cujos salários já não são pagos pela riqueza produzida no seu país de origem, mas sim, por dívida contraída no exterior, que obviamente almeja por contrapartidas. É uma espiral sem fim e com isso faz-se com que se mantenha, o chamado ufa-ufa diário, o stress do trabalho, a velha história da cenoura à frente do burro, abrindo assim a ideia generalizada da ambição, subir na vida, o ser alguém, mantendo sempre a pressão e fazer as pessoas correrem por algo que não sabem o quê; bens materiais, talvez a venda da ideia de felicidade.

À substituição de pessoas por número de cliente, vamos assistindo à mudança de paradigma.
Os centros de decisão estão a alterar-se de forma profunda, e eles estão onde há dinheiro, principalmente, nos países com mercados internos imensos, que propiciam o agigantamento de conglomerados económicos.

- Como competir com quem tem a capacidade de vender um par de chinelos a 1 euro do outro lado do mundo? E com tudo o que isso implica?

- Como competir com uma fábrica que vende tecnologia da mais avançada, em que os colaboradores/escravos operem de sol-a-sol e por "tuta e meia" de rendimento sem qualquer tipo de exigência, fruto da gigantesca oferta de mão-de-obra?

É o drama e o paradigma, sem uma luz ao fundo do túnel. Porque tudo procura o dinheiro e a satisfação material que dá e o status que permite alcançar.
Por isso, temos milhões de pessoas a trabalharem para alimentarem meia-dúzia, a agradecerem as migalhas "tão merecidas", a terem direito a visitas quinzenais dos seus filhos, fruto da propensão elevada dos divórcios e a tantas horas roubadas do dia, tão só, para pagar os iates, as prostitutas lux, a lagosta e os jaguares dos que extraem o sumo das massas cada vez mais hipnotizadas, por mecanismos pensados à peça.

"O dinheiro é a causa de todos os males." - Maquiavel


5 comentários:

  1. Chegou a altura de optar pela violência bem dirigida. Escolher um indivíduo – um banqueiro, um administrador ladrão, um político corrupto, um jornalista venal – e, sem barulho, limpar-lhe o sebo. E repetir o procedimento as vezes que forem necessárias. Sem medo.

    Abraço

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  2. Subescrevo "o direito à preguiça",à divisão justa da riqueza produzida, ao acesso às artes que possam produzir uma massa crítica e activa capaz de originar uma nova mulher e um novo homem.Já agora subescrevo tb igualdade de direitos para as moças deste país.

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  3. Amigo Camolas.....SUBSCREVO !!!!!!!

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  4. A divida, causada por erros tecnicos e tacticos, favorecimentos aos grupos estrangeiros, poderia ter sido evitada se houvesse vontade politica para tal. Como referes, "politicos que na pratica são os representantes e funcionarios de meia-duzia de familias" não esta longe da verdade. Outro dia ouvi um comentário assim: "Nem no tempo do Salazar havia tanto ladrão no governo ou fora dele". Mais palavras para que?
    Abraços.

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