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domingo, 14 de junho de 2009

João Rendeiro - O Cândido

Aparece agora o talentoso banqueiro - João Rendeiro - numa candura angelical a propor uma proposta aos clientes que depositaram o seu dinheiro no Banco que o arauto da finança lusa (privado, é claro) representava e, és como és, a própria imagem da Instituição.
A proposta desesperada e disfarçada, que apresenta, em traços gerais consiste em que o Banco libertasse imediatamente €100.000 a cada cliente e 20% do capital do grupo a ser distribuído aos clientes. Faltou dizer em que proporções e a forma de cálculo de tal distribuição. Mas esta suposta benesse pode conter contornos de loucura pós-traumática, visto que a marca BPP, morreu. Isso é um facto. Ou seja, os títulos deste Banco em concreto valem, talvez... Zero. Acrescente-se a liquidez da acção que diferente de zero, é nula.

Numa primeira fase houve uma tentativa de passar para a opinião pública de que se tratava do Banco dos ricos, é certo, que o vulgar Zé Mané não tinha lá a sua conta bancária, mas ir por essa via é uma enorme falácia.
Muitos sucumbiram aos anúncios em letras douradas, principalmente, na revista do Expresso. Era o Banco que tratava o seu dinheiro como ninguém, que valorizava o não-sei quê e por aí adiante. O marketing da sedução.
Descontando estes fait-divers os clientes do BPP, têm razão quando dizem estar a ser discriminados pelo Estado em comparação com os clientes do BPN. Tinha de haver um BPN para chatear.
Pois os referidos produtos de retorno absoluto, existiam nos dois bancos, tal como em todos. Técnicamente chamam-lhe produtos estruturados e o seu desenho financeiro é composto por fórmulas matemáticas algo complexas, com integrais duplos, permissas de if...then, misturados com depósitos a prazo. São mix's. Julgo até, que quem os desenha não os compreende profundamente.
Na práctica após o produto estar subscrito os running-boys deste tipo de banca investem em tudo o que lhes parece rentável. Se fizessem um fundo que apostasse nas putas da recta de Coina que apresentasse um Tier 1, cash-flow sólido e rentabilidade semi-assegurada, ali seria investido muito dinheiro de incautos depositantes. Como é que não me lembrei disto? De Coina...

O argumento do governo, é o risco sistémico. E o que é isto?
No caso concreto, apesar de o BPN ser um pequeno Banco, é um banco de retalho, generalista, com depósitos, créditos a particulares e empresas. A sua falência provocaria o calcanhar de Aquiles da banca, o levantamento em massa pelos clientes do dinheiro depositado nos Bancos. Seria a ruína do sistema, pois não há nenhum Banco capaz de pagar de volta o dinheiro depositado pelos seus clientes, num repente.
O BPP, apenas geria pequenas, médias e grandes fortunas, que com a crise e o fecho da torneira de crédito no sistema inter-bancário asfixiou rapidamente.
Os tais produtos de retorno absoluto, não têm nada de retorno, apenas a capacidade dos seus gestores e a confiança do próprio Banco. Essa quando é desfeita - a confiança - é que não tem retorno, nem absoluto, nem parcial.

Quando este Governo, na sua política de cabana, salva um Banco e deixa cair outro, mostra a sua fibra. Ou seja, quando usa o argumento dos queridos contribuintes, diz, desde que não sejam melindrados os interesses dos galifões que o suportam, está tudo bem. Salvaguardando certos e determinados interesses, esses mesmos queridos contribuintes que se desenrasquem. Estão aí os eficazes tribunais nacionais. Dito à porta de uma garagem vestido de uma suposta coragem vendida à comunicação social que come tudo.
O mesmo Estado que depois de informado por uma das suas agências noticiosas, o Tribunal de Contas, que em cinco grandes obras públicas a derrapagem orçamental cifrou-se à volta dos €240.000.000. Dava para comprar dois Ronaldo's e meio a preço de mercado actual. A sorte neste País é que se pode culpar o governo anterior, síndrome siamês - PS/PSD. E responsabilidades, tá quieto!
No caso BPP; governo, galifões e alguns outros com acesso a canais de informação preveligiados, safaram-se. O elo mais fraco, o mesmo que dizer, o resto dos clientes, que se desenrasquem.
Num País, que se auto-proclama de Primeiro Mundo, em que fundar um Banco não está propriamente ao alcance do Zé Mané acima descrito, pois tem de haver garantias e uma série de requisitos formais que o Estado tem por dever de supervisionar. Logo, por mais voltas que Vítor Constâncio dê, o Banco de Portugal tem responsabilidades nesta matéria. Apesar da fuga em frente e à espera de ver no que dá. Estratégia também seguida pelo governo.

Como o dinheiro não se materializa, e eu já o tentei, materialize-se o espírito do Rei Salomão para uma decisão Salomónica. É uma proposta tão válida como outras.

Arranjaram um problema do arco-da-velha!

4 comentários:

  1. A Polícia não se opuca destes bandidos todos ?? ah pois usam todos colarinho branco.......!

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  2. «No caso concreto, apesar de o BPN ser um pequeno Banco, é um banco de retalho, generalista, com depósitos, créditos a particulares e empresas. A sua falência provocaria o calcanhar de Aquiles da banca, o levantamento em massa pelos clientes do dinheiro depositado nos Bancos.»


    Não seria nada. Os outros bancos têm vindo a apresentar lucros pornográficos todos estes anos.

    A questão que se deve colocar é a Sócrates: porquê gastar mais de 2 mil milhões a nacionalizar um banco? É a esta questão que um dos mais corruptos políticos que este país já viu tem de responder.

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  3. Diogo,

    Grande parte desses lucros são forjados, são engenharias financeiras.

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  4. sabem quem está a construir o novo aeroporto de Luanda, empresas chinesas, com prisioneiros chineses a quem só dão 1 refeição diária, 1/2 litro de água, dormem em contendores imundos e são guardados por soldados angolanos, sei do que falo pois sou angolano.
    "Será o maior aeroporto de África, a ser construído através de uma linha de crédito da China. Em construção, na zona do Bom Jesus a cerca de 30 km, a Leste de Luanda.Terá duas grandes pistas, a Norte e a sul do Terminal, que terá a área de 160.000 m2.
    A pista principal com 3.800 m de comprimento, e 65 m de largura. A 2ª pista terá 3.000 m de comprimento e 45 m de largura.
    A empreitada está a cargo da empresa China International Fund Limited e ocupa uma área de 10.000 hectares e um perímetro de 40.542m, confinando a norte com a Estrada Nacional, a sul com a Baixa do Ngolome, na bacia do Rio Kwanza, a este com a Estrada do Bom Jesus e a oeste, com o Pólo Industrial de Viana. .
    Os operários são chineses!!!
    O aeroporto terá capacidade para receber aviões de grande porte, inclusive o A 380, e adaptado às novas exigências técnicas das aeronaves. Previsto um movimento de 15 milhões de passageiros, ano.
    Prevista a conclusão em 2012" noticia retirada Jornal de Angola 30 de Outubro de 2008

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