Páginas

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O País das Meias Verdades - Re-Loaded

25 de Abril de 1974, acontece uma Revolução num Portugal fascista e anestesiado social e economicamente. Traumatizado por uma guerra tremendamente injusta, os militares de graduação média, organizam-se e levam a cabo a Revolução que iria derrubar um País adormecido, isolado e de rastos. Militares que já não suportavam – O Estado a que isto chegou. Tendo a sua forma mais expressiva e pura em Salgueiro Maia. A guerra exportava jovens com sonhos de vida e importava estropiados, mutilados e mortos. Também muitas vigarices feitas por oportunistas que aparecem sempre nestas ocasiões.

Após a Revolução dos Cravos, das Canções e das Poesias apareceram os Abutres – políticos profissionais – que se foram apoderando do sistema, patrocinados por estrangeiros que lhes orientavam o caminho a seguir.
Forma-se um novo Partido Único, o PS/D, que governou os destinos deste País nos últimos anos. De meia em meia verdade foram construindo mentiras cada vez mais credíveis aos olhos de uma nação analfabeta e iliterata.


Algumas dessas meias-verdades:
º

- Caso Camarate: finais dos anos 70, inícios dos anos 80, algumas facções militares ainda com bastante poder, negoceiam e vendem armas (fora do âmbito do Estado) – despojos da guerra colonial – a países compradores de armamento. Sá Carneiro e Adelino Amaro da Costa quando tentam levantar a ponta do véu são assassinados. Logo se formou uma comissão de inquérito parlamentar que todos os anos se reúne para averiguar a hipótese de atentado. Julgo que deve ser para se entreterem, pois as comissões de inquérito em Portugal só têm um resultado. Zero.

º

- Dona Branca: vestuta senhora que mantinha um negócio de mini-créditos herdado de seu marido, negócio esse que já tinha muitos anos e foi bálsamo para muito povo desenrascar necessidades urgentes, as quais, na banca oficial da época eram negadas. Uma operação cirúrgica urgente, uma doença crónica mais onerosa, um arriscar de negócio próprio. Créditos realizados através de remuneração a condizer nos depósitos. Sistema que funcionava numa base sólida de muito tempo. Até aparecerem os galifões do capitalismo selvagem que ali viram um álibi. Injectaram somas enormes de dinheiro que com o tempo desestabilizaram um negócio familiar e de contabilidade manual. O escândalo consequente foi o mote para a “necessidade” de privatizar a banca. Com o resultado que todos vemos hoje. Morreu abandonada, com o sistema nervoso completamente desestruturado. Foi uma vítima do neo-liberalismo selvagem e insano.
º

- Caso Costa-Freire: o bode expiatório do caso da contaminação com o vírus da SIDA a hemofílicos. Morreram 23 pessoas. A Leonor Beleza ministra da saúde de então não foi apurada nenhuma responsabilidade tendo o caso sido declarado prescrito pelo Tribunal Constitucional em 2002 pelo processo levantado pelos familiares das vítimas. A cúpula do governo da altura atira Costa Freire para a fogueira e assim estanca outros possíveis danos colaterais. Queimando apenas um dos responsáveis.

º

- CEE: de tão mal negociado pelos nossos políticos do partido único PS/D, nasce o descontentamento e a hipótese de saída. Hoje União Europeia. Não é a União que está mal, mas sim, os nossos políticos incompetentes e subservientes a tudo o que é estrangeiro.
Os políticos do Centrão – com pendor de direita - dessa Europa, preparam-se para em breve homologar para que a semana de trabalho chegue às 78 horas, as pessoas indocumentadas poderão ser colocadas em detenção durante 18 meses antes de ser expulsas (imigrantes), em determinadas regiões, a polícia vai ser autorizada a manter pessoas detidas sem culpa formada durante 42 dias, os serviços secretos poderão obter autorização para esquadrinhar o correio electrónico sem mandado judicial. Portanto vejam só o que está na calha.
O problema não é a União mas, os políticos profissionais que se sentam nas cadeiras do poder.
O desígnio da Humanidade será, e não existe outro caminho, a abolição de fronteiras entre os povos. E nunca o contrário. Veja-se os países nórdicos que não embarcaram nas ilusões da moeda única. Unificar, abolir fronteiras mas sem excessos fanáticos.

º

Empresas Públicas: a gestão das empresas públicas, não pode ficar a cargo de mercenários, que prejudicam deliberadamente e absorvem informações, para depois, irem beneficiar empresas privadas concorrentes no mesmo sector. Ou pior, tutelarem ministérios de determinadas áreas económicas para depois após uns anos se juntarem a empresas privadas do sector anteriormente tuteladas. Veja-se Jorge Coelho na Mota-Engil e o BPN nacionalizado.

º

Casa Pia: o mais recente. A prova de toda a decadência do nosso sistema judicial. Justificou por si só a alteração ao Código do Processo Penal. Como o processo ainda ocorre na eternidade na mesma será comentado. O sistema é assim, os políticos eleitos por uma população altamente influenciável, legislam leis de acordo do seu interesse. Os juízes manietados têm que aplicar as leis em vigor. Faltam tantas outras meias-verdades que desbastaram o nosso erário público, ou melhor, todos nós pagamos isto. Agora são pedidos esforços aos portugueses. Parece mentira! Não, é a realidade das Meias-Verdades. De um País que se conforma, herdeira de uma genética “orgulhosamente sós”, lápis azul e de falsas credibilidades.


A Revolução terá de ser em primeiro lugar nas mentalidades. No crescimento da massa crítica como forma de pressão do poder político.

Não existem sistemas perfeitos, mas, o mais próximo será uma verdadeira Esquerda Social, com um Estado interventivo e garante dos direitos dos cidadãos. Tendencialmente para os países nórdicos: Noruega, Suécia, Finlândia e Dinamarca.
Uma efectiva cobrança de impostos aplicada na justiça social, saúde e em matérias sociais de defesa da dignidade do indivíduo.

Um movimento político que no poder chamaria civis para tutelaram as diversas pastas de governação. Pessoas que saibam trabalhar, que tenham a noção da realidade do dia-a-dia. Profissionais de áreas técnicas e científicas sob uma orientação política de cariz social, humanista e justa.

------------

º

Publicado no "Cheira-me a Revolução!" a 26 de Setembro de 2008, com comentários de bloggers de superior qualidade, veja aqui. Aqui para completar o ramalhete.

Deixo uma nota em vídeo musical, em tom solene. Para os nossos (des)governantes.




Ti faccio una croce, sono benedetto con l'acqua santa. Mai più.

6 comentários:

  1. Zorze

    Andas mesmo a pedir piri piri nessa boca.
    Olha que essas meias verdades estão desactualizadas já, falta-te a questão do exame de inglês tecnico por correspondencia, a faculdade moderna, o emprestimo ao filho do Jardim Gonçalves, Os negócios de Joe Berardo, O Caso BPN, a dúvida de Maddie alguma vez existiu...
    Desculpa mas os comprimidos para a gripe dão-me para estes devaneios...

    beijos

    ResponderEliminar
  2. Anocas,

    Se leres bem, o BPN já lá está.
    O piri-piri que venha, já estou habituado. Sabes que em tempos era o último a ficar. Era o pior, o desencaminhador, o piorzinho dos piores. O descalabro sem evocattio. Era o centro da engatice e de outras cosas. Hoje sou um sereníssimus. Já virei os 100.000 kms., pouca coisa me supreende.

    Beijos,
    Zorze

    ResponderEliminar
  3. Zorze
    Só sairemos da CEE, se for do interesse dos grandes senhores, mas para o povo seria muito pior, não há pior patrão que o português, tería-mos novamente outra forma de ditadura, não tenho dúvidas.
    Abraço

    ResponderEliminar
  4. Pronto Ana, o teu piri-piri resultou em parte.

    Beijos,
    Zorze

    ResponderEliminar
  5. Amigo Zorze, gostei muito do texto, excepto a ultima parte, faz-me lembrar de um país asiático onde os governantes que se diziam do povo e para o povo, ficaram muito ricos, onde a fome alastrava, os bens eram escassos. É certo que nunca faltou pão (com regras), nunca faltou leite (aguado), e os outros generos alimenticios tinham como destino principal as tropas que garantiam a segurança da nação (partido). As meias verdades devem ser ditas, duma maneira ou de outra. Abramovich's e outros ich's, de onde veio o dinheiro que possuem? lutavam eles pelo povo? Sejam PS, PSD, PCP, CDS, BE e outros, desde que estejam no poder esquecem quem os elegeu e para que. (Aliás eles nunca se esquecem de quem os elegeu, de quem financiou as despesas com as eleições, quem deu dinheiro por baixo da mesa para financiar os partidos). Não penses que estou contra este ou a favor daquele, apenas tento ver os varios lados e dai tirar as minhas proprias conclusões.
    Um abraço do casadegentedoida.

    ResponderEliminar
  6. what do you think about the increase in the dollar?
    [url=http://viagravillage.com/]viagra canada[/url]

    ResponderEliminar